RECHEIO — Chega de gracinha
#️⃣ Edição 75
TODO MUNDO QUER UMA ESTRATÉGIA DE MARKETING QUE SEJA MARCANTE
Então é natural tentar provocar emoções e construir momentos memoráveis na mente do público. E há muito tempo as marcas descobriram, através da publicidade, que existe um jeito quase garantido disso acontecer: humor.
Isso ficou ainda mais potencializado na internet. Como falei aqui há algumas edições, as redes sociais rapidamente se tornaram espaços onde as marcas podiam usar humor de forma ousada e sem correr grandes riscos.
Mas talvez as coisas tenham saído um pouco de controle…
Quem tá rindo?
Falei na semana passada sobre como a Geração Z encampa uma mudança grande de comportamento de consumo, se importando cada vez menos com o que as marcas falam e muito mais com o que elas fazem.
Isso se reflete também na cultura de “fazer graça” que muitas empresas adotaram na comunicação. Uma reportagem bem boa do The New York Times traça essa linha do tempo que evoluiu de: marcas engraçadas no Twitter > humor para chamar atenção > humor a todo custo.
Foi um efeito direto da era do barulho nas redes sociais. À medida em que gritar se tornou o padrão para chamar atenção em meio a tanto conteúdo, as marcas seguiram o mesmo caminho. Mas o problema foi que muita empresa decidiu se misturar ao ambiente web, deixando de se comportar como marcas.
De repente, o termo do momento virou um só: humanizar. Só que as empresas entenderam que humanizar era o mesmo que copiar influencers.
Então começou a onda de seguir toda trend, responder como “o estagiário”, falar com as pessoas como se fossem qualquer coisa, e não possíveis clientes. E o que deu certo durante um tempo virou pilar estratégico para muita marca que não notou que tudo isso virou cringe há bastante tempo…
É mais simples
Curiosamente, esse trabalhão todo para passar vergonha está na direção oposta do que as pessoas realmente querem hoje em dia: respostas diretas e simplicidade.
Tem conteudistas por aí focando demais no fator compartilhável ou chocante baseado somente nos números frios, como se tudo fosse campanha. Desse jeito, a preocupação fica só da porta para dentro: como fazer a marca e seus produtos terem destaque. E nada de olhar para as necessidades do público…
Claro que uma linguagem de personalidade e que traga bem estar e leveza sempre é um bônus. Mas isso é menos importante do que esclarecer sobre o seu produto, o contexto em que ele existe ou como sua marca pode ser uma solução.
Encontrar maneiras de fazer isso com relevância, consistência e propriedade é sempre o desafio. E há caminhos para além do fazer gracinha, como educar, informar e orientar, por exemplo.
Isso pode até não render milhares de likes e shares, mas também é muito mais efetivo em alcançar o seu público-alvo do jeito que eles preferem.
A humanização é sim fundamental para sua estratégia de conteúdo. Mas isso não significa inventar comportamentos humanos para sua marca, e sim lembrar que ela está lidando com humanos do outro lado.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Um gráfico pra você pensar…
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
A era da influência
O investimento em influencers está atingindo uma alta histórica. De acordo com uma nova pesquisa da PQ Media, o mercado global de influência deve crescer 16,9% este ano, depois de ter crescido outros 21,5% em 2022. Isso representa US$ 34 bilhões, o triplo que do que era em 2017. O levantamento considera os macro e micro influencers, além dos embaixadores de marca, mas também os serviços e empresas relacionadas, como os provedores estratégicos (agências, etc) e plataformas. Um dos principais fatores para a alta é o crescimento dos criadores de conteúdo altamente profissionalizados e com audiência segmentada. E como a expectativa é das plataformas de social criarem cada vez mais modelos de monetização para creators, essa tendência positiva ainda vai longe.
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As novas Celebridades Artificiais
As personas com Inteligência Artificial chegaram. Uma iniciativa da Meta envolveu a contratação de celebridades de peso como Kendall Jenner, Snoop Dogg, Tom Brady e Paris Hilton por milhões de dólares para usar suas imagens e vozes na criação de avatares realistas e totalmente operados por IA. Esses personagens, por sua vez, se tornam pessoas novas, com personalidade própria e capazes de conversar sobre diversos temas em vários idiomas. Eles ficam disponíveis nos apps Messenger, Instagram ou até no WhatsApp. Basicamente, se tornam companhia para conversa (bateu aquela vibe filme “Her” em você?) e criam uma nova relação com a IA, mais humana e próxima. Tem gente falando que é uma transformação imensa no comportamento da web. Eu não discordo…
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Anunciando com IA
Ainda na onda da Inteligência Artificial, uma nova transformação de impacto na web. O YouTube revelou o novo recurso Spotlight Moments, que permite criar anúncios em vídeos de momentos culturais de impacto (ou seja, que estejam em alta por algum tema do agora). No exemplo que eles divulgaram, marcas podem decidir aparecer apenas em vídeos sobre halloween que estejam nos trends. A IA identifica os vídeos, aplica os ads e ainda cria um hub para a marca conseguir divulgar. A possibilidade de fazer isso de forma dinâmica e totalmente real time parece boa demais pra acreditar, mas o Google afirma que o recurso já pode ser testado na suite de soluções de IA de ads. Se encontrarem exemplos, compartilhem comigo!
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Mais que uma foto
Talvez você tenha visto essa foto lindona que o surfista Ítalo Ferreira publicou após o eclipse solar. Enquanto muita gente nem conseguiu ver o céu em meio a tanta nuvem de chuva, o esportista garantiu esse clique que rodou o mundo. Mas não foi espontâneo. É obra do Marcelo Maragni, fotógrafo da Red Bull, patrocinadora do campeão olímpico. Sim, essa imagem é conteúdo de marca e envolveu muita logística e um planejamento de 5 anos (!) para acontecer. Então lembre sempre desse exemplo quando alguém te encomendar uma entrega de arte/design/post rapidão para aproveitar algum tema do momento.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Eu gosto quando um bom exemplo de conteúdo de marca também funciona como fonte de consulta. E um ótimo caso é esse aqui: o blog Flow, da empresa de ferramentas para social media Buffer. Eles são o típico modelo de marketing B2B, com uso de histórias de clientes para mostrar as vantagens dos seus produtos, assim como sua presença na comunidade. Porém, surpreendentemente (risos), os posts são muito bons, com personagens que realmente compartilham insights úteis e passam dicas práticas. Você pode nem assinar um produto da Buffer, mas certamente consome conteúdo deles e respeita a autoridade da marca.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Wordpress está fazendo sua pesquisa anual para receber sugestões. Vale participar [Wordpress]
• Como gerenciar suas redes sociais em apenas 18 minutos por dia [Hootsuite]
• Por que a internet deixou de ser divertida? [The New Yorker]
Obrigado pela leitura!
Esta é a newsletter RECHEIO. Toda quinta-feira, às 07h08, conteúdo que importa direto no seu e-mail.
Por, Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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